Toyota Bandeirantes: dicas de manutenção da Turma do Jeep Clube de Bragança
15/07/2015 18:42
Toyota Bandeirantes 1985, com motor Mercedez-benz OM-314
Apesar de extremamente robusto, o Toyota Bandeirante, como todo veículo, precisa de manutenção preventiva. Então, nessa matéria, a turma do Jeep Clube de Bragança mostra os principais alvos de uma manutenção preventiva para a Toyota Bandeirante, com motores Mercedes-benz OM-314 e OM-364, dos modelos OJ 50L (utilitário com capota de lona), OJ 50 L-V (Utilitário com capota de aço), OJ 50L-VB (picape de uso misto), OJ 55 LP-B (picape curta de carga), OJ 55 LP-BL (picape longa), OJ 55 LP-2BL (picape cabine dupla).
Caro jipeiro, essa manutenção deverá ser realizada após a lavagem do veículo, sempre que se for para uma trilha ou viagem off-road. Com esse cuidado, o seu jeep terá uma vida útil muito maior. Com estas dicas, seu veículo terá uma performance maior, evitando o risco de quebras, especialmente, nas trilhas pesadas e longas expedições.
Freios
Até 1996 todos eram equipados com freios a tambor nas quatro rodas, com um sistema de dois cilindros de roda (duplex, um por sapata) que requer atenção na hora de regular os freios. A porca de ajuste deve ser sempre movimentada no sentido de rotação da roda para encostar a lona. O sistema é um tanto ineficiente quando não conta com a assistência de um servo-freio e costuma apresentar vazamentos. Por isso, é preciso atenção ao nível do fluido de freios e substituí-lo a cada dois anos no máximo.
Deve-se ficar atento a qualquer variação no curso do pedal do freio e verificar uma vez por mês o ajuste das lonas, o que pode ser feito suspendendo todo o veículo. Para ter certeza de que nenhuma roda ficou com freio agarrando, engata-se a primeira marcha com a tração 4x4 ligada e verifica-se o movimento das quatro rodas, que deve ser uniforme. Uma roda presa ou movimentando-se em menor velocidade do que a do lado oposto indica a necessidade de soltar um pouco o freio respectivo.
Outro problema é o desgaste das lonas de freio para veículos que costumam fazer travessia de rios, trafegar em locais pantanosos e encharcados, o que piora muito o funcionamento do sistema e acaba por destruir as lonas. Para esses jipes, é necessário sempre remover os tambores para retirar os resíduos das lonas e outros detritos que vão se acumulando no sistema, operação simples e rápida, como mostrou um dos outros artigos lançados no nosso site (clique aqui e confira).
Comum aos freios do Toyota, e de boa parte dos 4x4 mais antigos, são os desvios na trajetória durante a frenagem. Muitos os atribuem ao desequilíbrio causado pelos diferenciais deslocados para o lado direito dos eixos, necessários para que as árvores de transmissão (cardãs) não trabalhem em ângulos extremados, o que poupa as juntas universais. A diferença de massas entre os lados do eixo causaria os desvios, mas isso é um mito apenas, pois as puxadas podem ocorrem tanto para um lado quanto para o outro.
Freios a tambor sempre foram muito sensíveis a ajuste, notadamente os tipo duplex, daí a importância do ajuste correto. Mas esses desvios não assustam o motorista já familiarizado com o Bandeirante. Existem hoje freios dianteiros a disco específicos para o Bandeirante, vendidos em kit com as peças necessárias para a modificação, que costuma ter bons resultados se efetuada com os cuidados necessários.
Corrosão
O outro ponto crítico do Bandeirante, a corrosão, pode ser contornado com providências simples, como destampar os drenos do assoalho de maneira a manter a cabine o mais seca possível. Para os picapes é aconselhável um revestimento de plástico polietileno, já que não são encontrados protetores de caçamba específicos para eles. Em geral, pequenos pontos de ferrugem são suficientes para que a corrosão se alastre e tome conta de toda a carroceria, enorme desvantagem em relação a um de seus principais concorrentes – o Land Rover Defender, que além de possuir freios a disco nas quatro rodas, utiliza carroceria em alumínio. A corrosão só não é um problema maior para o Bandeirante por causa de suas grossas chapas de aço.
Óleo
Trocar o óleo e manter seu nível, respeitada a capacidade mínima e máxima do cárter (6,5 e 9,5 litros no caso do motor Mercedes). Use óleo SAE 15W40, SAE 30 ou mesmo SAE 40, para regiões quentes. Cabe destacar, que no caso dos motores Mercedes-Benz OM-314 ocorre uma baixa (queima) de óleo, que requer a complementação a cada 1000 km.
Sistema de direção
No sistema de direção é comum escutarem-se alguns estalos, provenientes dos terminais da barra de direção e do braço angular. Substitua os terminais quando apresentarem folga excessiva e mantenha-os sempre lubrificados com graxa à base de lítio, a cada 5.000 km ou após trafegar por terrenos alagados.
Filtros
Há dois sistemas de filtragem de ar para o Bandeirante: o filtro em banho de óleo, recomendado para serviços pesados em locais com muita poeira; e o filtro de ar seco, que com o passar dos anos foi sendo aperfeiçoado, chegando a bons níveis de confiabilidade. O banhado em óleo necessita de inspeção a cada três dias em ambientes de muita poeira, e a cada 15 dias em condições normais de uso. O seco possui um indicador de restrição transparente do lado de fora da carcaça do filtro. Quando o indicador se aproximar da faixa vermelha, efetue a limpeza com um ar comprimido de dentro para fora ou troque o elemento.
O motor Mercedes possui dois filtros de óleo diesel, necessários para separar a água que muitas vezes vem misturada ao combustível. A cada seis meses ou 20.000 km, abra os drenos dos filtros de modo a esvaziar a água contida neles. Filtros cheios de água impedem a correta filtragem do óleo, que pode ser queimado junto com a água nele presente, causando falhas e, em casos extremos, impedindo o funcionamento do motor.
Muitas vezes ocorre a entrada de ar na bomba injetora, o que impede o correto funcionamento, a marcha-lenta fica irregular ou pode ser impossível pôr o motor para funcionar. Neste caso, use uma pequena bomba manual localizada próxima ao cabeçote, em cima dos filtros de diesel. Basta soltar a rosca que prende a bomba e abrir o parafuso da mangueira da bomba com uma chave sextavada de 17 mm (chave de boca). Bombeia-se o diesel para fora da bomba, até eliminar toda a espuma, fechando o parafuso em seguida e dando a partida no motor. Então, deixa-se o jipe em funcionamento durante cinco minutos, para estabilizar a marcha-lenta, que é regulada no interior do veículo através do botão estrangulador utilizado para desligar o motor. Girando o botão para a esquerda a marcha-lenta diminui e para a direita, aumenta, devendo ser checada com o auxílio do acelerador. A marcha-lenta ideal fica entre 700 a 800 rpm.
Graxa
Os cubos das rodas dianteiras, bem como suas juntas, jumelos, cruzetas, munhões (dependendo do ano), devem ser lubrificados a cada 25.000km com graxa à base de lítio, cuidado que deve ser redobrado ao se trafegar por terrenos alagados. Saiba que, para a máxima eficácia da aplicação da graxa, o Diretor-presidente do Jeep Clube de Bragança Nazareno Batista, ressalta o uso obrigatório de uma ferramenta/bomba aplicadora de graxa.
Diferenciais
O mesmo deve ser feito com o óleo dos diferenciais, checados a cada 10.000 km ou substituídos logo depois de travessias por rios, sempre observando se há limalha no óleo velho ou contaminado. Deve ser utilizado óleo SAE 90.
Caixa de transferência
Outro detalhe quase sempre esquecido: o óleo da caixa de transferência, que deve ser trocado a cada 10.000 km. Muitos proprietários verificam o nível do óleo da caixa de mudanças, mas se esquecem da caixa de transferência, condenando-a em curto prazo. Em algumas regiões do Brasil muitos proprietários instalam um canal entre as duas caixas, para que o abastecimento da caixa de transferência seja feito de maneira automática. Assim como os diferenciais, deve ser utilizado óleo SAE 90.
Sistema elétrico
No sistema elétrico é comum a umidade afetar alguns terminais, como os das lanternas traseiras. Borrifar WD 40 nos plugues e terminais elimina a umidade e restaura seu correto funcionamento.
Embreagem
A embreagem do Bandeirante possui acionamento hidráulico e não costuma apresentar problemas, mas não é raro o pedal baixar com o tempo, o que torna as trocas de marcha mais difíceis. Isso é solucionado ajustando o curso do cilindro-mestre da embreagem por meio da haste conectada à parte superior do pedal, que possui uma rosca.
Escapamento
O sistema de escapamento deve ter seus coxins e pontos de fixação inspecionados toda semana, para evitar surpresas desagradáveis, como aquele imenso escapamento caindo na rua. Os pequenos coxins costumam quebrar com freqüência, mas são baratos e de fácil substituição.
CUIDADOS
Um cuidado a tomar nos picapes é na hora de retirar o estepe da bandeja. Nos modelos mais antigos, até 1991, o sistema de fixação da bandeja não permitia que ela fosse baixada suavemente, o que podia resultar em ferimento grave na mão usada para desatarraxar a porca-borboleta de fixação. Isso porque, não existindo limitador de curso da bandeja, a alça atingia diretamente o chão, constituindo ameaça para mão e dedos.
Portanto, os proprietários desses veículos devem ficar atentos e cuidar para que a porca-borboleta seja retirada com uma mão e a alça seja segura pela outra, levando em conta que o sistema de fixação fica atrás da placa traseira, portanto fora do alcance visual. Considerar também o expressivo peso do conjunto bandeja, roda de aço de 16” e pneu diagonal, que pode tornar muito difícil controlar a descida da bandeja.
Aconselha-se a praticar a operação em local iluminado e nivelado, que será de grande utilidade numa real troca de pneu na rua. A partir do modelo 1992, a bandeja dispõe de um sistema de sarilho, em que a bandeja desce lentamente ao se acionar um parafuso sem-fim, sem precisar usar as mãos.
Além disso, a lista abaixo apresenta uma relação dos principais pontos de lubrificação. É só acompanhar e manter a sua Band em perfeito estado para acompanhar a turma do Jeep Clube de Bragança nas trilhas e expedições.
1- Engraxar as ponteiras, terminais e braço angular da direção a cada cinco mil quilômetros;
2- Colocar graxa nas cruzetas também, à cada cinco mil quilômetros;
3- Verificar o nível de óleo do reservatório do cilindro mestre de freio;
4- Verificar o nível de óleo do cilindro mestre de embreagem com cinco mil quilômetros;
5- Limpar o filtro de ar a cada 2.500 quilômetros, ou diariamente em regiões com muita poeira;
6- Trocar o óleo do cárter e elemento lubrificante à cada cinco mil quilômetros. Dependendo do tipo de óleo essa quilometragem poderá se alterar;
7- Trocar o elemento do filtro de óleo do combustível à cada 10 mil quilômetros;
8- Trocar as graxas dos cubos das rodas dianteiras e da manga de direção com 10 mil quilômetros;
9- Verificar o nível do óleo dos diferenciais a cada 10 mil quilômetros;
10- Verificar o nível de óleo da caixa de mudança e transferência, com 10 mil quilômetros;
11- Observar o nível de óleo da caixa de direção, completar se necessário;
12- Trocar as graxas dos cubos das rodas traseiras "Eixo Flutuante" a cada 10 mil quilômetros.
Especificações dos tipos de óleo utilizados na lubrificação:
- Motor - Óleos SAE 20W50
- Diferenciais - Óleos SAE 90 com especificações GL4 e GL5
- Caixa de Mudança - Óleos SAE 90 com especificações GL4 e GL5
- Transferência - Óleos SAE 90 com especificações GL4 e GL5
- Caixa Direção - Óleos SAE 90 com especificações GL4 e GL5
- Cubos, Terminais de Direção e Cruzetas - Graxa para rolamento, sempre de primeira linha.
Na trilha
Caro jipeiro, no retorno das trilhas e expedições não deixe de fazer uma análise visualmente em seu jeep e identifique como ele e você se saíram na trilha. Como sugestão, a Turma do Jeep clube de Bragança demonstra o seguinte roteiro:
Suspensão
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Verifique estado dos jumelos, buchas, amortecedores, batentes e se no trajeto da suspensão e pneu há sinal de contato (percebe-se que a tinta foi removida). Isto pode ser sinal de que você abusou ou que existem componentes com folga.
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Barro no cofre do motor
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Muito barro e água no cofre do motor é sinal de que você precisa investir em anteparos de borracha, protegendo o motor do arremesso de barro pelos pneus. Geralmente se instalam placas de borracha nos paralamas dianteiros ao lado das longarinas.
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Água e barro no filtro
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Invista num Snorkel ou utilizando mangueira de borracha posicione a tomada do filtro voltada para a traseira do veículo.
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Água nos eixos e caixa de transferência e transmissão
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Pode somente ser necessário trocar as mangueiras e elevar a válvula respiro, ou pode ser sinal de desgaste dos retentores na ponta-de-eixo. Troque o óleo caso contaminado.
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Freios
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Para quem tem freios a tambor é recomendável retirar as panelas e lavar o sistema. O barro é abrasivo, estraga as lonas e reterá umidade que corroerá o sistema.
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Articulações
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Articulações da coluna de direção, trambulador da transmissão devem ser lavadas e engraxadas caso necessário.
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Parte elétrica
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Verifique se todos os sistemas estão operando. Em particular verifique se há sinal de barro ou excesso de água no Alternador e Motor de arranque. Em caso positivo providencie a desmontagem, limpeza e anteparos de borracha para proteção futura. Verifique se o chicote e os conectores dos faróis e lanternas estão livres de umidade e barro. Em caso afirmativo, proteja-os com silicone ou fita isolante.
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Com todas essas precauções, é quase certo que seu Bandeirante funcione perfeitamente por muitos anos – ou muitas décadas.